APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA



APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA


Não é na Bíblia que está a palavra de Deus? Por que os católicos, em vez de ler a Bíblia, acreditam nas aparições de Nossa Senhora em Fátima e outros lugares?

Você tem razão. Como diz a carta aos Hebreus: "Outrora Deus falou a nossos pais muitas vezes e de diversas maneiras por meio dos profetas. Por último nos falou por meio de seu Filho" (1,1s). Em Jesus Cristo Deus disse a sua última palavra a toda a humanidade. Ele é a aparição decisiva de Deus no mundo, o próprio Filho de Deus que se fez homem, a imagem de Deus invisível. Nele se manifestou definitivamente o amor de Deus criador e salvador do mundo. Como caminho para a verdadeira vida, ele nos revelou tudo o que precisamos saber e fazer para realizar plenamente o nosso destino segundo o plano de Deus.

Mas o Espírito Santo, como prometeu Jesus, continua a orientar a Igreja, ajudando os seus membros a compreender e aplicar às diversas situações a mensagem evangélica: "O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar o que eu vos disse" (Jo 14,26). Uma das maneiras que Deus pode usar para recordar aos cristãos as verdades reveladas são as aparições. A propósito da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos, Pedro cita as palavras do profeta Joel: "Acontecerá nos últimos dias: Derramarei meu espírito sobre toda criatura. Vossos filhos e filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, vossos anciãos terão sonhos" (At 2,17).

Assim, também por meio de uma visão de Maria, mãe de Jesus, Deus pode transmitir uma mensagem que normalmente será destinada não só a quem a recebe, mas a todo o povo. No caso de uma aparição verdadeira, o vidente é como um profeta que recebe esse carisma para o bem da Igreja. Mas sua mensagem não acrescenta nada de novo ao conteúdo da revelação cristã; apenas a atualiza num determinado contexto histórico.

Portanto, as aparições autênticas de Maria são úteis para despertar a fé do povo de Deus, como acontece em Lourdes e em Fátima. Mas seria um erro dar mais importância a essas aparições que à palavra de Deus, contida na Bíblia. Como em sua vida aqui na terra, Maria, quando aparece aos cristãos, está totalmente a serviço de seu Filho, Jesus, o Salvador. Como na festa de Caná da Galiléia, assim também hoje, ela só tem uma recomendação: Façam tudo o que ele lhes disse. (João A. Mac Dowell S.J.)

É preciso acreditar nas aparições de Nossa Senhora?

Os cristãos devem acreditar na palavra de Deus que se encontra na Bíblia e é anunciada pela Igreja. Ela contém toda a revelação de Deus; tudo o que precisamos crer para ser salvos por Jesus Cristo. Mas Deus pode continuar a manifestar aos fiéis o que deseja deles numa situação particular. Assim, por exemplo, o livro dos Atos dos Apóstolos conta que Paulo uma noite teve uma visão: um macedônio estava de pé e lhe suplicava: 'Vem para a Macedônia e ajuda-nos'. Logo depois dessa visão ele foi para a Macedônia, convencido de que Deus o tinha chamado para anunciar ali a boa nova do Senhor.

Essas aparições são um meio extraordinário de comunicação entre Deus e o homem, porque nesse caso a comunicação não acontece apenas como uma inspiração no íntimo do coração e da mente, mas se projeta em imagens e sons de palavras, podendo também ser acompanhada por milagres comprobatórios. Entretanto, nem tudo que se apresenta como uma aparição de Nossa Senhora, corresponde a uma mensagem que vem de Deus. Assim como existem falsos profetas, existem também falsos videntes. Mesmo quando diz sinceramente que está vendo e ouvindo nossa Senhora, a pessoa pode estar enganada.

Existem vários critérios para distinguir a aparição verdadeira da falsa, mas nem sempre é fácil aplicá-los com segurança. Por isso a Igreja é muito cautelosa no reconhecimento da autenticidade de uma aparição. As vezes demora para pronunciar-se; outras condena expressamente o fenômeno que não é provocado pelo Espírito de Deus; outras enfim autoriza e promove o culto de Maria em função da aparição, como em Lourdes e Fátima. Das 295 aparições de Maria registradas neste século, só 11 foram reconhecidas oficialmente pela Igreja. Mesmo neste caso a Igreja não obriga os fiéis a aceitar a autenticidade da aparição. Mas quem está convencido de que Deus está lhe falando dessa maneira, como aconteceu com Paulo, deve cumprir o que ele manda.

Entretanto, uma fé baseada em visões e fenômenos extraordinários é imperfeita. Jesus repreendeu os judeus que pediam estes sinais para acreditar nele: "Se não virdes milagres e prodígios não acreditareis!" (Jo 4,48). E disse a Tomé: "Porque me viste, Tomé, acreditaste. Bem-aventurados os que acreditam sem ter visto" (Jo 20,29). Embora recebendo com gratidão a mensagem das verdadeiras aparições, não devemos pôr nossa confiança nelas e viver à cata de manifestações sensacionais de Deus. O importante é escutar a palavra de Jesus no Evangelho e pô-la em prática.