24º Domingo do Tempo Comum- Ano B


O Messias é o servo sofredor! ( Por Sérgio Augusto)


Em diversas ocasiões de nossas vidas, somos tomados de surpresa quando nos flagramos agindo, falando, pensando e até mesmo orando a partir de nós mesmos e não a partir de Deus. Pensamos as coisas dos homens e não de Deus!
Ora, após a aberta declaração de Pedro de que Jesus é o Messias, e o consequente pedido de confidencialidade, aquele é repreendido por este, principalmente pelo fato de que não cabia no pensamento judaico de então, que o Messias sofresse, fosse rejeitado e enfim, morto e que viesse a ressuscitar.
Bem sabemos que não era esta a espectativa messiânica, mas sim do messias que assumiria o poder político do nação.
Só será possível para Pedro e os demais discípulos - e também para cada um e todos nós, hoje - proclamar que Jesus é o Messias, testemunhando e aderindo ao que segue nos versículos 34 e 35 do Evangelho por nós proclamado neste domingo: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, o que perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la."
Negar a si mesmo não significa anular-se. Muito pelo contrário! É demonstração e retribuição de amor, amor dado gratuitamente pelo Criador, amor manifestado no precioso projeto de Salvação empreendido por Jesus.
A resposta a este amor passa pela exotação do profeta Isaías: "não resisti nem recuei." A confiança de quem está ao lado de Deus vence o medo, a vergonha, os ultrages, enfim, a violência. Em Jesus Cristo, reconhecemos esta vitória, desta vez definitiva. A violência e a morte não prevalesceram e não prevalescerão!
Ao tomarmos a nossa cruz e nos colocarmos no seguimento de Jesus, tornamo-nos, pela fé que professamos, o alvo concreto da violência. Não porque estejamos em um contexto no qual o fato de crer em Jesus Cristo signifique perseguição e morte, mas porque nossa fé se traduz em obras, vísíveis e concretas, como nos exota São Tiago na segunda leitura.
Demonstrar a fé pelas obras - e esta é a condição do tomar a cruz para segui-lo - pressupõe mudança radical de vida, conversão que modifica também estruturas sociais permeadas pela desumanização, e consequentemente pelo pecado.
Ao superarmos a tentação egoísta de pensarmos as coisas dos homens para a atitude ativa de pensarmos as coisas de Deus, mudamos, pela graça de Deus, pela fé e pela atitude concreta, o eixo de nossa vida: passamos a compreender a vida não mais a partir de nós mesmos, de nossos limites, fragilidades, virtudes ou forças, mas a partir do próprio Deus.
É nessa passagem - ou conversão - que não é definitiva, mas processo de toda a vida, que passamos a incomodar a estrutura geradora de violência e aqueles que dela se servem para se tornar menos humanos e fazer os irmãos e irmãs experimentarem o sofrimento e a morte.
Só compreendendo a necessidade de sermos solidários e participarmos do sofrimento de Jesus Cristo, nos irmãos e irmãs que sofrem é que poderemos dizer, de coração aberto e a plenos pulmões: "Tu és o Messias."

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