Ora, os mártires são aqueles que ao assumirem e professarem a sua fé, dão como grande prova de amor sua própria vida, em vista da veracidade do anúncio de Cristo. Mas antes mesmo de anunciarem com a sua morte o real sentido da Páscoa de Cristo, é por meio, primeiramente, da vivência diária e gradativa da fé em Cristo por meio das ações, palavras, gestos, comportamentos, pensamento, ou seja, toda a vida. Assim, o mártir é antes de tudo aquele que vive por amor a Deus, e que por meio dessa vivência é capaz de pela graça dar a sua vida como grande prova de amor.
"Ó Roma felix Roma feliz, adornada de púrpura pelo sangue precioso de Príncipes tão excelsos. Tu ultrapassas toda a beleza do mundo, não por teu mérito, mas pelo mérito dos santos que mataste com a espada sangrante". É assim que os canta o hino das segundas Vésperas, que remonta a Paulino de Aquileia (+806). Eis o mérito do martírio de São Pedro e São Paulo: A Igreja celebra a mais viva esperança: A força e o amor do Cristo Ressuscitado! Cristo oferta a sua vida em resgate do seu povo, e São Pedro e São Paulo seguem a voz de Cristo e também se unem a Páscoa de Cristo. Eis a lembrança viva do Ressuscitado:
“O sangue dos mártires não invoca vingança, mas reconcilia. Não se apresenta como acusação, mas como "luz áurea", segundo as palavras do hino das primeiras Vésperas: apresenta-se como força do amor que supera o ódio e a violência, fundando assim uma nova cidade, uma nova comunidade. Em virtude do seu martírio, agora eles Pedro e Paulo fazem parte de Roma: mediante o martírio, também Pedro se tornou cidadão romano para sempre” (BENTO XVI).
A força do martírio, ou seja, seu grande fruto é a confirmação de que é possível vencer o ódio extremo do homem pelo amor divino que nos é dado por Cristo, a cada fiel que é chamado a esta oferta sublime de amor: O MARTÍRIO!
“Eu te darei as chaves do Reino dos céus” (Mt 16, 19). Assim, Nosso Senhor transmitiu as Chaves do Reino a Pedro, que de forma pessoal expressa a universalidade e unidade da Igreja, ao lembrarmos de que Cristo Ressuscitado deu-nos o Espírito Santo como fonte de toda unidade da Igreja. Paulo precisou ir e morrer em Roma. Pedro precisou ir e morrer em Roma. Mas qual o porquê desse desígnio divino a esse respeito? Vejamos como o Papa Bento XVI responde-nos:
“O facto de ter ido a Roma faz parte da universalidade da sua missão como enviado para junto de todos os povos. O caminho para Roma, que já antes da sua viagem externa ele tinha percorrido interiormente com a sua Carta, faz parte integrante da sua trarefa de levar o Evangelho a todos os povos de fundar a Igreja católica universal. O facto de ter ido a Roma é para ele expressão da catolicidade da sua missão. Roma deve tornar visível a fé ao mundo inteiro, deve ser o lugar do encontro na única fé (...). O caminho de são Pedro para Roma, como representante dos povos do mundo, insere-se sobretudo sob a palavra "una": a sua tarefa consiste em criar a unidade da catholica, da Igreja formada por judeus e pagãos, da Igreja de todos os povos. E esta é a missão permanente de Pedro: fazer com que a Igreja nunca se identifique com uma só nação, com uma única cultura nem com um só Estado. Que seja sempre a Igreja de todos. Que reúna a humanidade para além de todas as fronteiras e, no meio das divisões deste mundo, torne presente a paz de Deus e a força reconciliadora do seu amor” (BENTO XVI).
Assim, devemos olhar o martírio de São Pedro e São Paulo como um encontro misterioso que tem como grande fruto a autenticidade da unidade viva da Igreja e da radicalidade evangélica da oferta de vida: que a salvação dada por Cristo deve ser anunciada a todos os povos, a toda a humanidade. Que nessa Solenidade possamos renovar nas nossas vidas a expressão viva da radicalidade evangélica e da universalidade da Igreja.
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