Homilia de Sua Santidade João Paulo II proferido á 3 de maio de 1998.IV domingo do tempo Pacal "O Bom Pastor" e também na ordenação de 30 padres.


HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II NO DOMINGO DO BOM PASTOR E DA ORDENAÇÃO DE 30 NOVOS SACERDOTES PARA A DIOCESE DE ROMA
3 de Maio de 1998

1. O Bom Pastor! Esta figura bíblica tem origem na observação e na experiência. Durante longo tempo, Israel foi um povo de pastores e a tradição da época dos patriarcas e das gerações sucessivas encontra correspondência nos textos do Antigo Testamento. O pastor, aquele que vigilante guarda o rebanho e o conduz às pastagens férteis, tornou-se a imagem do homem que guia e está à frente de uma nação, sempre solícito por aquilo que lhe diz respeito. Assim no Antigo Testamento é representado o pastor de Israel.
Na Sua pregação, Jesus liga-se a esta imagem, mas introduz um elemento inteiramente novo: pastor é aquele que dá a vida pelas suas ovelhas (cf. Jo 10, 11-18). Ele atribui esta característica ao bom pastor, distinguindo-o de quem, ao contrário, é mercenário e portanto não cuida do próprio rebanho. Antes, apresenta-Se a Si mesmo como o protótipo do bom pastor, capaz de dar a vida pelo seu rebanho. O Pai enviou-O ao mundo para que fosse o pastor não só de Israel, mas da humanidade inteira.
É de modo especial na Eucaristia que se torna sacramentalmente presente a obra do Bom Pastor, o qual, depois de ter anunciado a «boa nova» do Reino, ofereceu em sacrifício a própria vida pelas ovelhas. A Eucaristia é, de facto, o sacramento da morte e ressurreição do Senhor, do Seu supremo acto redentor. É o sacramento em que o Bom Pastor torna constantemente presente o Seu amor oblativo por todos os homens.
2. Caríssimos Diáconos da Diocese de Roma! Neste quarto domingo de Páscoa, comummente chamado domingo «do Bom Pastor», no qual se celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, vós estais para receber o sacramento do Presbiterado, que vos tornará conformes a Cristo Bom Pastor. Tornar-vos-eis ministros «d'Aquele que na Liturgia exerce perenemente o Seu ofício sacerdotal a nosso favor, por meio do seu Espírito» (Presbyterorum ordinis, 5).
Com o sacramento do Baptismo, introduzireis os homens no povo de Deus; com o da Penitência, reconciliareis os pecadores com Deus e com a Igreja; mediante a Unção dos enfermos, aliviareis os sofrimentos dos doentes. Sereis, sobretudo, ministros da Eucaristia: recebereis como herança inestimável este sacramento, no qual se renova cada dia o mistério do sacrifício de Cristo e perdura nos séculos o evento decisivo da Sua morte e ressurreição para a salvação do mundo. Celebrareis o sacrifício do Corpo e do Sangue de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, como Ele mesmo o ofereceu pela primeira vez no Cenáculo, na vigília da sua Paixão. Sereis, assim, associados pessoalmente de modo sacramental ao mistério do Bom Pastor, que oferece a vida pelas Suas ovelhas.
Sede conscientes da sublime missão que neste dia vos é confiada! Ela consiste em compartilhar a mesma missão de Cristo. Sereis Seus sacerdotes para sempre: «Tu es sacerdos in aeternum».
E cada dia, ao aproximardes-vos do altar com devoção, renovai, caríssimos, o vosso «eis-me» generoso ao Senhor, para que a vossa vida, à imagem daquela do Bom Pastor, seja dedicada inteiramente ao bem das almas.
3. Caríssimos Diáconos, a Igreja que está em Roma exulta pela vossa Ordenação. Sou eu o primeiro a alegrar-me porque, como vosso Bispo, posso imporvos as mãos, invocando sobre vós o poder do Espírito Santo.
Comigo alegram-se o Cardeal Vigário, os Bispos Auxiliares e os presbíteros da Diocese, em cujo presbitério estais para entrar como irmãos mais jovens e promitentes. Sentem-se felizes por isto os vossos pais, os vossos familiares e quantos vos seguiram na vossa formação e hoje compartilham a vossa alegria. A inteira Comunidade diocesana, espiritualmente aqui reunida, dá graças ao Espírito Santo pelo dom desta fecundidade espiritual.
Com imensa gratidão, ela canta o hino Veni Creator, implorando para vós a abundância dos sete dons:
«Accende lumen sensibus, infunde amorem cordibus Infirma nostri corporis, virtute firmans perpeti».
Ao recordar-se do exemplo do Bom Pastor que, com o sacrifício da própria vida, protegeu do inimigo o rebanho, também a Igreja de Roma ora:
«Hostem repellas longius, pacemque dones protinusDuctore sic te praevio vitemus omne noxium».
Ela invoca o Espírito da verdade, para que vos conduza ao pleno conhecimento de Deus Pai, Filho e Espírito Santo:
«Per te sciamus da Patrem, noscamus atque Filium, Te utriusque Spiritumcredamus omni tempore».
E com a alma repleta de gratidão pelo inefável mistério que hoje se realiza em vós, todos juntos proclamamos a glória de Deus uno e trino:
«Deo Patri sit gloria,et Filio qui a mortuis surrexit, ac Paraclito, in saeculorum saecula».
Amém!

0 comentário:

Postar um comentário

Não será permitidos comentários agressivos nesse blog. Se acontecer, será excluído.
Você pode postar esse comentário usando sua conta do orkut, clicando no GOOGLE, ou postar como anônimo.